Numa das trilhas que fizemos, nosso guia nos mostrou uma Oiticica imensa que havia sido cortada por um coletor de mel. Ele vendeu o que encontrou por algo que hoje valeria em torno de R$ 2.700 reais. Cometeu dois erros: primeiro, cortar a árvore para tirar o mel das abelhas que ali estavam; segundo: o tronco da oiticica valia muito mais, cerca de 50 mil reais, na época, segundo nosso guia. Trágica e cômica essa história. No fim, os pesquisadores trouxeram o que sobrou da Oiticica para a entrada do Museu do Homem Americano:
Troncos da Oiticica que estava em uma das tocas pelas quais passamos durante as trilhas |
O Museu do Homem Americano localiza-se na sede da Fumdam, em São Raimundo Nonato. Para chegarmos lá, pedimos informação a alguns moradores e eles fizeram cara de desentendidos. Pois é, muita gente do próprio lugar não tem interesse pelo Parque nem pelo Museu; por outro lado, pessoas como o nosso guia, nativos da região, entendem as mudanças advindas com a inauguração do Parque e valorizam esse Patrimônio Cultural da Humanidade:
Museu do Homem Americano (entrada) |
A entrada para o Museu do Homem Americano custa R$ 15 reais (inteira) e R$ 7 reais (meia - estudantes e professores). É obrigatória a apresentação do comprovante, no caso de alunos ou professores. Há também uma lojinha com cerâmicas, camisetas e livros sobre fauna, flora, arqueologia e sobre a história do Parque em geral. Após fazer as trilhas e apreciar a beleza do lugar, além dos valiosos sítios arqueológicos, a visita ao Museu adquire um valor ainda mais importante:
Crânio Zuzu - esqueleto de 9920 anos (crânio masculino, oval, semelhante ao tipo africano) |
Com estrutura moderna, o Museu traz valiosas informações sobre as pesquisas arqueológicas realizadas no Parque |
A 350cm do solo atual, foram datados carvões encontrados junto a esta ponta de projétil, como um rabo de peixe, de quartzo hialino, dando o resultado de 7.930 +/- 60 antes do tempo atual*:
Ponta de projétil datada em cerca de 7.930 anos BP |
Na imagem abaixo, uma réplica de uma pequena sala da gruta onde foram encontrados três corpos, um de uma criança e dois de adultos. A datação obtida para a criança foi 980 anos; os adultos ainda não puderam ser datados. Observa-se o cuidado que os indígenas tinham para com seus mortos**:
Enterramento Tríplice I |
Nesta réplica, vê-se o enterramento da Toca dos Coqueiros, mostrando a posição do corpo que estava deitado sobre uma calçada feita com blocos rochosos. A cabeça repousava sobre uma laje plana e havia cinzas e carvões espalhados sobre o corpo e seu entorno, provenientes de fogueiras feitas em volta da sepultura. Nelas, foram assados animais, como preás e tatus**:
Enterramento |
Ossos de uma mulher |
Estes são os mais antigos vestígios que atestam a presença humana nessa região há cerca de 100.000 anos**:
Seixos lascados unifacialmente; nas bordas, marcas resultantes da utilização pelo homem pré-histórico** |
Estas ferramentas, obtidas a partir de seixos, foram fabricadas para uma necessidade imediata**:
Seixos de quartzo ou quartzito; ferramentas de longa duração temporal e dispersão espacial** |
O museu é interativo, confortável, com todos os acessos para pessoas com necessidades especiais. É visita obrigatória, que você precisa incluir no roteiro:
Fonte* Turismo Arqueológico (Fundação Museu do Homem Americano).
Fonte** Museu do Homem Americano