Lisboa, 28 de setembro de 2020

Acordei às 10h30. Vi a luz do sol entrar pela janela e me senti melhor.

Fui fazer meu café, na minha boa e velha cafeteira italiana, e minha mãe ligou. Eu ainda me sentia angustiada... chorei. "Mas você está realizando um sonho, que também é meu. Vai dar tudo certo, você tem tudo, estamos aqui te apoiando". É verdade. O fuso horário mexeu mesmo com a minha cabeça, mas que bom que durou pouco tempo e fui, a cada dia, a cada passeio, me sentindo muito feliz.

Decidi dedicar o dia a me fazer sentir melhor: fui fazer meu passe mensal de transporte na estação Marques de Pombal. A fila tava imensa, mas aproveitei o tempo ocioso pra olhar as pessoas e pensar em como era bom estar ali.

Estação Marquês de Pombal

Chegando na minha vez, fui informada de que tinha que preencher um formulário. Eu já havia entendido isso, porque via todos com um papel. Peguei o meu e preenchi. Voltei pra fila gigante com a maior serenidade, era quase como se eu precisasse daquela espera arbitrária pra me sentir melhor. 

 

Ao chegar minha vez novamente, a atendente disse que eu havia preenchido o número do passaporte errado (dei o passaporte francês, mas preenchi o formulário com o número do brasileiro 🤦🏽‍♀️). Já estava pronta pra voltar pra fila outra vez quando ela passou o corretivo e ajeitou. Pensei “isso no Brasil seria impossível!”. Agradeci por dentro e saí feliz com meu canhoto! No dia seguinte, o cartão estaria pronto e eu teria o privilégio de rodar a cidade toda por apenas 30€ mensais!

Peguei o metro em direção à Praça do Comércio, local que eu já havia visitado com Pierre da última vez que estive em Lisboa. Fui direto ao serviço de informações ao turista e peguei um mapa da cidade: "é você que vou desbravar ao longo dos meses que terei à frente".

Arco da Rua Augusta

"Para viajar basta existir" - Fernando Pessoa

Galerias do Arco triunfal da Rua Augusta

Caminhei bastante, parei várias vezes pra ver o mar. Tirei a máscara, respirei fundo, bem fundo... A cada expiração me sentia melhor.

Caminhando pelo Tejo...

Vi um por do sol incrível! Foi o primeiro dessa minha estada aqui, o que certamente vai me marcar!

Por do sol na Praça do Comércio

O friozinho foi chegando e decidi ir embora. A lua começava a despontar na minha frente. 

A noite ainda foi difícil, mas um pouco melhor que a anterior. Aos poucos, eu ia conseguindo fazer confluírem novamente mente e corpo, em uníssono.