Não saberia, nunca, explicar a sensação feliz que me dá rever fotos, vídeos e conversar com os que lá conheci. Escrevi alguns textos tentando juntar momentos, conversas, sensações sentidas e vividas nos tantos lugares pelos quais passei. Há acréscimos, eu preciso mencionar. É ficção, portanto. Os textos deste blog são completamente carregados de nostalgia... esperança... e vida! Vida, que é o estado em que quero estar permanentemente!

sexta-feira

Lisboa, 27 de setembro de 2020

Chegou o grande dia! 

Foram 2 anos planejando todo o processo do meu doutorado em regime de cotutela. Tenho muito orgulho de ter tido a serenidade e a resiliência necessárias para chegar até aqui! Não foi fácil. Nunca é, não é mesmo? Um doutorado só se faz uma vez na vida: um duplo, então, não podia ser diferente - é preciso fazer valer a pena cada segundo de esforço. Sem o apoio do meu esposo teria sido muito, mas muito mais difícil, porque quem não me deixou desistir foi ele. "Esse é um projeto de família, amor", ele me dizia e me enchia de motivação!

"A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes" - Fernando Pessoa
 

Apesar dos tempos pandêmicos em que esta viagem acontece, posso dizer que o voo foi tranquilo. Todos os passageiros estavam de máscara, e, que bom, ninguém sentou ao meu lado. Então, me senti mais segura.

Pedi um tintozinho pra ver se o sono chegava...

Já em céus lusitanos


Chegando ao aeroporto de Lisboa, nos acumulamos num espaço cheio de gente (toda aquele cuidado com o distanciamento foi meio em vão). A fila andou rápido, mas a aglomeração era inevitável. Os avisos sonoros diziam “mantenham o distanciamento social” e as gargalhadas foram inevitáveis.

Tempos pandêmicos, soluções pandemônicas


Mostrei exame, mostrei passaporte e passei direto para a área da fronteira. Tudo rápido. Enquanto à direita, a fila era imensa, eu passei direto pelo portão dos cidadãos da UE, sem ninguém ao menos olhar pra minha cara. Depois de tantos percalços já passados em aeroportos internacionais, finalmente, desta vez, tudo deu muito certo! Até com a mala: assim que consegui pegar um carrinho, minha mala chegou.

Dica boa: ao sair das malas, no desembarque, basta virar à direita para encontrar a loja Vodafone, uma das operadoras telefônicas mais conhecidas em Lisboa. Na mesma hora você pode comprar um chip (comprei um de 10€ que dura 4 semanas) e sair ligando, sem burocracia. E ainda bati um papo com o jovem Leonardo, funcionário paulista antibolsonarista e muito gente boa.

Com o chip conectado, já pude pegar meu uber. Aqui é obrigatório usar o cartão de crédito no pagamento. Essa é uma informação importante para quem nunca veio aqui. Paguei 4,75€ no trajeto do aeroporto até Alameda, onde vou me hospedar neste primeiro mês em Portugal. O motorista já havia morado no Brasil e foi muito simpático e gentil. Além disso, me ajudou muito com as malas pesadas. Minha chegada não podia ter sido mais perfeita!

Toquei a campainha e a porta se abriu. Subi o elevador (daqueles antigões, que tem uma grade pra você abrir e fechar - lembrou-me o do hostel que fiquei em Buenos Aires) com minhas malas pesadas e barulhentas. Fui recebida gentilmente pela dona do apê, a Helena. Ela me mostrou o quarto, as regras da casa e viajou. Antes, perguntou: “A Isabel é de confiança, não é mesmo?”. Achei sensacional da parte dela me deixar sozinha na casa, sem nunca ter me visto antes. Como é importante ter bons contatos nessas horas. Obrigada, Matilde, por ter contribuído nessa ponte tão importante pra mim!

Arrumei um pouco as malas no minúsculo quarto, tomei um banho e fui direto fazer umas comprinhas. O Auchan me pareceu um bom primeiro encontro, já que é um supermercado francês que eu já conhecia:

A primeira de muitas idas ao supermercado agora

Depois de comer minha saladinha, desci para conhecer o parque da Alameda. Que paraíso para os planos que eu tinha de iniciar a correr diariamente! Lindo, espaçoso, com uma fonte impactante: gostei de cara do local. 

Parque Alameda Dom Afonso Henriques

A primeira de muitas vistas panorâmicas com que Lisboa me presenteia

Subi até o topo do parque e encontrei alguns jovens que se divertiam e cantavam. Nesse momento, bateu um cansaço e comecei uma crise de ansiedade. As 24h que se seguiram a esse momento foram bem tensas, eu não dormi direito e meu peito batia aceleradamente. Acho que meu corpo finalmente, nesse momento, havia entendido que a mudança era grande e que, sim, ela estava começando e agora era tudo comigo, aqui, sozinha.

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